quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O OLHO ATRÁS DO OLHO


Um dia eu estava olhando fotos com minha irmã, ela disse que o que a fazia curiosa com relação a fotos, não era a foto em si, mas ela tinha uma curiosidade em saber quem havia tirado aquela foto. Realmente!

Comecei a olhar as fotos de outra maneira, tentando enxergar quem estava atrás da foto, quem era o olho por trás do olho.

Em cada uma que olhava imaginava, para quem era aquele sorriso, ou aquele olhar o que se passava ali por trás da câmera fotográfica, o que pensava, como pisavam os pés de quem registrava aquela paisagem, e quão delicioso se tornou esse exercício de adivinhações, essa brincadeira de achar o escondido.

Foto: Lizandra Olavrak/ Alexandre Rabelo e Franco Neto
(1. O quê procuravam?)

Foto: Lizandra Olavrak/ Alexandre Rabelo
( 2. Do quê precisava?)

Nas fotografias caseiras, eu tentava achar o fotografo no reflexo dos olhos das pessoas, nas sombras, tentando encontrar ali a imagem de quem eu realmente gostaria de ver, para mim passou a ser assim: O fotografo era a foto. E me lembrei que bem antes dessa questão vir a minha mente como agora, eu já fazia esse tipo de investigação quando era criança, passava horas observando apenas uma foto, procurando por vestígios de uma pessoa que havia ficado fora de uma foto de aniversário ou de um passeio onde todos os amigos estavam, ou pelo menos os queridos, em saber quem era a pessoa que foi convidada à tirar uma foto, porque alguém queria aparecer ao lado do namorado ou namorada em um passeio romântico.




Foto: Lizandra Olavrak/ Cleiton de Oliveira e Alexandre Rabelo
(3. Para onde apontam suas lentes?)

Algum tempo depois disso, comecei a brincar de fotografar as pessoas, lugares e coisas que na maioria das vezes só eu achava interessante, tentando captar o que apenas eu via, e comecei a ser essa figura que está lá, mas não vemos. Quando mostro as fotos para as outras pessoas ou mesmo para as que fotografei, imagino o que elas estão pensando, em quem está por trás do olhar da câmera fotográfica, quem eu era naquele instante em que apertei o disparador, qual era ali o dialogo que tínhamos, eu minha câmera o modelo a paisagem ou o que só a mim interessava, o que conversávamos mesmo sem emitir um som se quer, o que eu queria, o que queríamos. 

Foto: Lizandra Olavrak
(4. O que eu queria, o que seu olho me diz?)

Foto: Lizandra Olavrak
(5. O que seu olho me responde?)

Foto: Naira Rosana Dias

Depois de algum tempo, eu volto a olhar as fotos, sempre acabo percebendo uma coisa que não existia antes e que não era centro de minhas atenções quando fotografei, penso: Quem foi que focou isso? Não posso responder a pergunta, porque em alguns momentos, a própria câmera fotográfica se encarrega de olhar o que eu não vejo e ela por si só me revela o que eu não via, e outro pensamento me vem: Qual o dialogo que tínhamos, eu e a minha câmera? Conversa de louco, mas penso que é assim mesmo que vivo nesses momentos.

Quando vou fotografar, quando vou apenas matar, ou melhor, quando eu vou ressuscitar a vontade, me esqueço de técnica, formulas, ensinamentos, ou qualquer coisa que saia de livros, apostilas ou aulas, nem sei tanta coisa assim para esquecer, mas não me importo com isso, porque em momentos assim, isso não me serve, não tem o menor valor, não nesse momento, porque atrapalharia meu dialogo silencioso com o que meus olhos escutam, e ela, minha câmera, assim parada em minha mão e pendendo para um lado, apenas espera que eu mostre o que ela terá que retirar para a eternidade do momento, eu mostro e, ela faz o seu papel perfeitamente. A imagem que vejo depois na tela luminosa do monitor do meu computador, é algo que não foi eu quem fez, é assim que na maioria das vezes penso, e por isso estou sempre ali, como no inicio, procurando vestígios de mim mesma, procurando por pedaços que possam me contar a história daquela foto, procurando pela parte que não se vê.


Foto: Caroline Albuquerque
(como pisava ...)


(Como me posicionava...)

A fotografia tem esse lado fascinante, você pode olhar uma foto de séculos, e poder viajar naquela imagem e buscar histórias, inventar um nome, um lar, deixar a imaginação vagar em busca do que nunca vamos poder decifrar, embora se tente. É a mágica do instante parado, que mesmo com a instantaneidade das câmeras digitais, ainda existe.

Descobri o que me faz gostar tanto de fotografar, e não é o prazer em congelar um instante que jamais se repetirá, mas estar atrás do sabor do olho que está atrás do olho.


Auto retrato
(6. Por que eu mesma?)

" As imagens são representações aguardando um leitor que as decifre" 
Miriam Moreira Leite



por: Lizandra Olavrak

Para saborearem um pouco

               Mas não sou só eu, obviamente, quem tem essa mania não, o fotografo Tim Mantoani, realizou um projeto, onde reuniu fotógrafos posando ao lado de suas fotografias famosas, ele fez um trabalho belíssimo ao reunir, obra e autor, colocando-os  lado a lado. Essas imagens estão no livro de Mantoani, "Behind Photographs".

Fotografo Jeff Widener

Fotografa Karen Kuehn

Fotografo Lyle Owerko

Fotografa Mary Hellen Mark

Fotografo Steve Mccurry

Vocês podem conferir mais nos links abaixo:


Behind Photographs













sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Encontro de Janeiro

No dia 29 de Janeiro os membros do Fotoclube Super Olho se reuniram após um breve recesso. O encontro foi na casa da camarada Naira onde foram produzidas fotos com a técnica de Splash. Para realiza-las utilizamos um aquário transparente (existe aquário sem ser transparente?), duas tochas (flash de estúdio), um rádio Flash, um tripé para a câmera e muita criatividade...  Alguns dos resultados podem ser conferidos a seguir:



















Para finalizar o encontro, fomos a um barzinho jogar sinuca e bater um papo descontraído.