domingo, 18 de setembro de 2011

Lomos!

Foi no ano de 1982, na Rússia, dentro da antiga União Soviética que nasceu a primeira maquina fotográfica LOMO. A LOMO é uma empresa russa de equipamentos ópticos, e foi através de uma solicitação do então general Igor Petrowitsch Kornitzky, que integrava o ministério da Indústria e Defesa Soviético que a empresa LOMO começou a desenvolver maquinas fotográfica. O primeiro modelo de câmera “compacta” fabricado por eles foi a LOMO LC-A , no caso uma copia descarada de uma maquina japonesa chamada Cosina CX-1. Sua simplicidade e facilidade de uso havia convencido Igor Petrowitsch de que ela poderia atender as necessidades soviéticas de satisfazer a população atrás da cortina de ferro de que eles poderiam ter um estilo de vida similar ao das pessoas do mundo livre, fazendo fotos de seu cotidiano e de suas famílias a um preço extremamente baixo com um equipamento muito simples, alcançando assim todos os lares comunistas, não só da Rússia, mas de todos os países alinhado com a Rússia.

Mas como quase todo produto soviético, a LOMO LC-A era uma copia de baixíssima qualidade em comparação com a sua inspiradora japonesa. Enquanto a Cosina CX-1 tinha um robusto corpo, bem fabricado, com mecanismos de funcionamento precisos, vedação excelente e lentes de excepcional qualidade, a LOMO LC-A era quase uma versão antônima da maquina japonesa, com problemas crônicos de vazamento de luz, corpo feito em plástico de qualidade duvidosa e lentes feitas de material acrílico, que resulta em deformação na imagem, foco e cores. Com certeza uma visão apropriada de realidade soviética diante do mundo ocidental.

As "qualidade" peculiar desses equipamentos fotográficos russos garantiu a LOMO então um espaço no limbo fotográfico, tendo certeza de venda somente nos antigos países alinhados ao bloco soviético, o que piorou com o colapso só sistema no final dos anos 80 e sua efetiva queda no inicio dos anos 90, havendo então uma debandada dentro dos próprios países formadores do bloco dos produtos que eram produzidos na região por produtos ocidentais, de melhor qualidade e durabilidade do aqueles encontrados localmente. A indústria local era ineficiente e de baixa qualidade, e não refletia o desejo de consumo da população, uma vez que o consumo nunca foi prioridade da indústria Soviética.

Porém, ainda nos anos 90, dois jovens vienenses em viagem a Republica Checa compram uma maquina LOMO usada, pois estavam sem meios de registrar sua viagem pelo país. Quando retornam e revelam o filme fotografado ao longo da viagem se deparam com uma surpresa que os surpreenderam. Fotos saturadas, recortadas como em vinhetas, foco de qualidade duvidosa, porém com uma linguagem tão própria e original, tão vibrante e envolvente que eles foram conquistados pela maquina e sua natural linguagem que foge completamente aos padrões de registro fotográficos tão difundidos.

Por volta de 1995 era formada em Viena, na Áustria, a Sociedade Lomografica e a primeira LomoEmbaixada, iniciando a lomografia, com o objetivo de impedir o desaparecimento das pequenas maquinas fotográficas russas, já que a fabrica que a produzia em São Petersburgo suspendeu sua linha. Mas com a crescente popularização das maquinas, elas voltaram a ser produzidas.

Hoje em dia a fotografia LOMO se tornou um estilo, uma linguagem especifica utilizada por artistas fotográficos ou mesmo pessoas que querem experimentar formas diferentes de registrar momentos, pois fotografar com uma LOMO não é simplesmente captar uma imagem, já que é impossível dizer como elas ficarão depois que se acionar a maquina, mas uma tentativa de tentar olhar mundo de hoje através de um filtro que nos remete a um passado nostálgico, onde tudo era mais promissor e feliz, uma maquina do tempo que do tamanho de um negativo, transporta nosso momento para um tempo sempre melhor.

Minha lomo é uma HOLGA CFN 120. Vejam como ela enxerga o mundo! =)

Autor: Alexandre Rabelo (Membro do fotoclube Super Olho)

4 comentários:

  1. Muito bacana seu post Alexandre Rabelo.
    ;)

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  2. Assisti a um programa no canal Futura que tratava sobre fotografia e música, fotógrafos e profissionais ligados à indústria fonográfica, que nasceram nos tempos analógicos e passaram a usar a tecnologia digital. Eles falavam sobre o fato de serem analógicos e digitais. Todos eram saudosistas, todos enalteciam o analógico, mas, ao mesmo tempo sabiam que o digital era o futuro. Particularmente, sou entusiasta das tecnologias que superam as arcaicas, gosto sim de ver minha foto pronta na hora, gosto sim de vê-las perpetuadas e reproduzidas infinitamente entre bits e bytes. Mas sinto saudade dos grãos, de revelar o filme, fazer as provinhas de luz, ampliar minhas próprias fotos e deixá-las penduradas secando. Sinto saudade da fotografia preto-e-branco, que realmente era PRETO-E-BRANCO e com cristais de prata. Naira.

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  3. mt legal, to começando na lomografia agora, escolhi minha primeira câmera, falo primeira pq eh impossível se contentar com uma lomo só!!!

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  4. Sei como é! estou ensaiando a compra de uma Diana F+, em 35 mm, pela facilidade de conseguir filmes! Minha Holga usa filme médio formato, 120, o que dificulta um pouco! acabo tendo de encomendar os filmes! Obrigado pela vistia no blog! volte sempre! =)

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