quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O retratista de paisagens humanas

Marc Ferrez nasceu no Rio de Janeiro, em 1843. Filho de pais franceses ficou órfão na prematura idade de sete anos e tornar-se-ia, anos mais tarde, um dos maiores fotógrafos de seu tempo.
Vai estudar na França, enviado pelos irmãos mais velhos, e retorna ao Brasil em 1858, quando entra para trabalhar em uma empresa que fazia impressões em litografia. É aí que toma suas primeiras lições sobre a técnica da fotografia com o alemão Franz Keller. Alguns anos adiante, aos 21, abre um ateliê especializado em registrar imagens de costumes, fazendas e paisagens. É como retratistas de paisagens naturais e urbanas que Ferrez atinge a excelência. Realiza também fotografias de portos, navios mercantes, navios de guerra, prática que lhe faria merecer os títulos de fotógrafo da Marinha Imperial, e Cavaleiro da Ordem da Rosa, concedidos pelo imperador Pedro II. Mas um incêndio, em 1873, queima o prédio em que vivia com sua esposa, chamada Maria Lefebvre. No acidente, Ferrez perde também sua oficina e todas as suas chapas de negativos.
Marc Ferrez em 1876

Com a ajuda de um amigo, decide voltar para a França e lá permanece até 1875, quando retorna ao Brasil convidado a integrar a Comissão Geológica do Império, a maior e mais importante expedição de sua espécie jamais empreendida no país. A comissão percorre diversas regiões do império e Ferrez é o primeiro fotógrafo a conseguir imagens dos índios Botocudos, realizadas no meio da floresta, em um ponto próximo à colônia de Leopoldina (atual município Colônia Leopoldina, em Alagoas).
Interessam-lhe também as novidades e os inventos fotográficos. Em 1881 vence o prêmio da Exposição da Indústria Nacional com o Aparelho de Vistas Panorâmicas, dispositivo inventado por M. Brandon, mas aperfeiçoado por Ferrez. Em 1907, abre em sociedade a sala de cinema Pathè, na Avenida Central (hoje chamada Avenida Rio Branco), no Rio de Janeiro. No ano seguinte, inicia pioneira incursão pela realização de filmes, atua como produtor de Nhô Anastácio chegou de viagem e A Mala Sinistra, e de documentários sobre a construção de estradas de ferro. Faria ainda registros coloridos pelo processo das chapas de autocromo, processo desenvolvido pelos irmãos Lumière.
Marc Ferrez parou de fotografar em 1914, após a morte de sua esposa. Em meio século de fotografia, produziu vasta documentação sobre o Brasil do século XIX. Seu talento para captar a atividade humana, em cenários naturais ou urbanos; exímio emprego da técnica; e inventividade na composição das imagens, foram reconhecidos em diversas exposições internacionais, as mais importantes de sua época: Viena (1873), Filadélfia (1876), Paris (1878 e 1889), Buenos Aires (1882), Amsterdã (1883), Saint Louis (1904). Seu acervo, de aproximadamente cinco mil fotografias, está hoje sob os cuidados do Instituto Moreira Salles (IMS) e parte dessa grande coleção pode ser apreciada virtualmente, no site do IMS.

A.N.F


Fontes:
Almanaque Abril
Enciclopédia Encarta
Instituto Moreira Salles
Wikipédia



O olhar de Marc Ferrez:

Amolador (1889)


















Vendedora de mercado (1875)














Avenida Central, Rio de Janeiro (1910)















Jardim Botânico, Rio de Janeiro (1880)


















Araucárias, Paraná (1884)















Vapor no Porto do Rio de Janeiro (1895)














Índio botocudo no sul da Bahia (1885)

4 comentários:

  1. Muito bom! A pesquisa ficou de primeira! Mande noticias!

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  2. muito bom, adoro ver imagens antigas, ótima pesquisa!

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  3. Franco, seus textos são redigidos com primor! Daqui a pouco, nosso Blog terá de se transformar num livro! rs Abraço.

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